quarta-feira, novembro 29, 2006

O Príncipe Algarvio

Quando falamos de Príncipes africanos com penteados à Will Smith no "Fresh-Prince of Bel Air" a jogarem à bola no Campeonato Português, um nome vem-nos automaticamente à cabeça:

-Vítor Vieira.

Depois lembramo-nos que apesar de estar perto dessa descrição, o saudoso velocista VV não era Príncipe, nem africano, nem tinha um penteado à Will Smith no "Fresh-Prince of Bel Air". Mas esteve quase.

Quem será, então?

- "Voynov?" Nah. Apesar de estar perto dessa descrição, não era Príncipe, nem africano, nem tinha um penteado à Will Smith no "Fresh-Prince of Bel Air". Mas esteve perto.
- "Caccioli?" Nah. O gajo até era careca.
- "Adamczuk?" Nah. Apesar de estar perto dessa descrição, não era Príncipe, nem africano, nem tinha um penteado à Will Smith no "Fresh-Prince of Bel Air". Mas esteve quase quase lá.
- "Fatih Sonkaya?" Nah. Apesar de estar perto dessa descrição, não era Príncipe, nem africano, nem tinha um penteado à Will Smith no "Fresh-Prince of Bel Air". Mas foi por um pêlo de um careca. Tipo Caccioli.

Uma pista: Começou a carreira no "Stationery Stores FC".

- "Ah, podias ter dito antes, é claramente Peter Rufai, filho do Rei de uma tribo Idimu, nascido a 24 de Agosto de 1963."

Pois sim. Peter Rufai, há dez anos atrás o esteio da formação algarvia que de branco vestia.

Peter teve uma difícil escolha perante si logo aos 17 anos de idade: a ingrata tarefa de governar um povo enquanto comia e bebia de borla até ao fim da vida, ou atingir a fama e a glória suprema ao jogar à bola no portentoso Stationery Stores FC?

O D.Duarte Pio da Tribo Idimu escolheu a segunda opção, e não se deu nada mal, pois 14 anos volvidos estaria a respirar o ar do Olimpo, vivendo o sonho de qualquer miúdo da Nigéria: jogar no S.C. Farense.

Fazendo gala de um físico imponente e de reflexos apuradíssimos, o Príncipe do São Luís defendeu com galhardia as redes algarvias de 1994 até 1997, altura em que deixou Portugal órfão de um concorrente ao Duque de Bragança, partindo para a pátria de Cervantes e Toniño sem olhar para trás.

Porém, dado os insistentes pedidos do Partido Monárquico para que regressasse a terras Lusas, bem como a natural ambição de um dia jogar ao lado de Cuc e Armando "Le Petit" Teixeira, Peter voltou, qual D.Sebastião com a cratera lunar decalcada na face, para fazer a época de '99-2000 em Barcelos.

Porém, tão cedo chegou como partiu. Registos da época afirmam que as últimas palavras que proferiu em Barcelos antes de virar costas foram destinadas a um tal de Fiúza, dono de uma fábrica de peúgas que o Príncipe tanto gostava de usar por terem reforço no dedo grande:
-" Não deixeis nunca os vossos inimigos levarem a melhor sobre o vosso valoroso povo, senhor careca esquisito."

Mediania,pois claro.

Há jogadores que se destacam por serem bons demais.
Há jogadores que se destacam por serem maus demais. (Olá, Ronald Baroni)
Há jogadores que se destacam por serem medianos demais.

É desta última estirpe que tratamos hoje. O jogador indiferente. O cromo que nem sequer estimula motivação suficiente para se trocar com o compincha do lado. A caderneta fica incompleta? Who cares? Também é aquele gajo que não é bom, nem mau, antes pelo contrário...

Fernando Almeida é um chato. Não aquece nem arrefece. Não é bom o suficiente para dar o salto, nem é mau o suficiente para ir jogar para o Chipre com o Pedro Moita e o Zé Nando. Não tem ar de cromo, mas também não deixa de o ter.

Até na sua mediania é mediano. O nome "Almeida" é tão comum, que teve que andar com o "Fernando" colado atrás a carreira toda. Já agora, a originalidade do nome "Fernando" também não faz sombra a um Olegário Benquerença qualquer. Se nos falarem daquele gajo do Salgueiros dos anos 90 com ar de drogado que se chama Almeida, a resposta será invariavelmente um "Hã?". Se retorquirmos com um "Fernando Almeida", certamente teremos que contar com um "Ah já sei, o F. Almeida...lembro-me dele, mas também não me recordo por aí além." Pudera.
A carreira dele valeu por ser o sortudo que aparava a barba do Djoincevic antes dos jogos...

sexta-feira, novembro 10, 2006

Jorge "O Duro" Soares


Hoje decidimos recuperar a memória de um defesa-central que fez História no nosso querido Portugal. De Faro ao Funchal, passando por Lisboa e assentando arraiais no cálido luso-britânico Algarve. Nunca tanta asneira foi espalhada por um território tão vasto. Seu nome é Soares, Jorge Soares, e as memórias que nos proporcionou são indeléveis.

Jorge Manuel era um corpulento rapaz com ambições desmedidas. Figurar na galeria dos notáveis era o que lhe aquecia a plácida alma alentejana. De uma forma ou outra, lá o conseguiu. Chamem-lhe pouco ortodoxo. Ele não quer saber. Ele cospe na vossa face, ajeita o cabelo forrado a gel barato e sorri num esgar carregado de desdém.

Foi no São Luís que o Jorge cresceu para a bola. Cresceu e cresceu até não caber mais no microclima Farense, rodeado de Paixões, Serôdios e até uns esporádicos Kings. 1,87m de valentia e raça sem par seguiram então num autocarro Renex via Lisboa. Lá, sob escrutínio diário televisivo, radiofónico e adeptóniofal, as fraquezas do Jorge foram expostas num palco nacional.

Os ensinamentos de Tahar, o Khalej e Paulo Madeira foram essenciais. Tal como o clã Tanaka transformou um jovem Frank Dux (obrigado, Jean Claude Van Damme) numa máquina assassina com bom coração e olho clínico para as miúdas, estes dois transmitiram os seus ensinamentos ao jovem Soares com uma mão no ombro e um piscar de olho cúmplice.

Os ensinamentos eram partilhados de forma tão natural quanto óbvia. Tahar, o Khalej, mostrava a Jorge-San como arrumar um adversário da forma mais dura possível, com laivos de brutalidade, salpicando esta alva tela de óleo cor-sangue. Por outro lado, o guedelhudo Paulo Madeira tentava incutir no alentejano a arte de cometer no mínimo 3 fífias por desafio, e se possível um autogolo de quando em vez.

Não será necessário assegurar-vos do sucesso da missão. Jorge Soares mostrou-se um excelente aprendiz. Para além da sua mente aberta e sedenta de conhecimento, as suas naturais aptidões físicas ajudaram à festa. Os seus rins foram recentemente declarados pela Comunidade Científica do Sul de Zanzibar como "O Material Mais Duro Conhecido Pelo Bicho-Homem", suplantando o diamente por uma larga margem. Surgiram relatos vindos de Gizé, em papiros gastos(obviamente), que mencionavam o facto das Pirâmides locais terem sido construídas com os rins de antepassados do bom do Jorge.

Com todos estes atributos, seria altamente improvável que Jorge Soares não se transformasse numa máquina de inutilidade defensiva. Jogador extremamente regular, Jorge cometia erros brilhantes jogo atrás de jogo, partida atrás de partida, momento atrás de momento.

Porém, tal chorrilho de asneiras não era suficiente para o estóico defensor se dar por satisfeito. Vivíamos em plena Era Mário Jardel. 35 golos por época eram a norma. Defensores passavam inúmeras noites em branco e reviviam pesadelos no relvado. Jorge não se atmorizou. Jorge enfrentou o desafio de deixar Supermário em branco por uma jornada. Jorge elaborou um plano. Plano que iria deixar o seu nome na história como "O Homem Que Não Jogando No Campomaiorense Conseguiu Anular Mário Jardel Sem Ser À Porrada" (já agora, alvíssaras para o outro Soares, José).

O plano era simples. O plano era genial. O plano era infalível. O plano era saltar 15 minutos antes de Jardigol, aquando de um cruzamento para a área. Soares teria a certeza que iria ficar imortalizado nesse momento. Imortalizado ficou.
Sói dizer-se que amiúde Jorge ainda percorre os terrenos do defunto Estádio da Luz à procura de Mário Jardel.

Se algum dia o encontrares, Jorge, dá-lhe um bacalhau.
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